Quem vai cuidar dos meus gatos?

Crônica original de Náthali Nunes

Quem vai cuidar dos meus gatos? É a pergunta que me faço sempre que esse fantasma me espreita. Em uma família onde os gatos não são o animal de estimação preferido da maioria, me pergunto o que faria a pessoa que herdaria esse papel. Não cuidaria tão bem… se cuidasse…

Rodolfo e Malika, esses são os nomes deles, meu CVV mais eficaz nesses últimos anos. Mas não se engane, eles não são um casal cis, embora o nome indique isso, são dois gatos machos, mas por um erro de identificação na hora da adoção, Malika veio como fêmea, que logo desenvolveu uma estranha parte volumosa abaixo do seu rabo. Seria então um Maliko? Não! Malika é o nome dele é sempre será! E assim nasceu o primeiro nome de gato que não dá bola pras normas de gênero da sociedade.

Temperamento rebelde esse revolucionário. Explorador e inquieto. Disseram que era coisa de gato novo, gostava de brincar, mas agora, com dois anos, vejo que na verdade é o espírito sobrevivente das ruas que reina naquele corpinho, que muito trabalho já teve para providenciar comida em dias que a barriguinha estava roncando.

Rodolfo é caipira, ou colono como chamamos aqui no RS. Gato de interior, nasceu em meio a um galpão de grãos e nunca passou necessidade. Embriagava-se leite gaterno e hoje de Whiskas. Iniciou a sua vida no bem bom do campo e agora aproveita para refrescar a pancinha no ar-condicionado naqueles dias quentes.

Não dá pra se esquecer da Cristal, minha cachorinha! Cris, Cristalina, Crissiuma… eram vários os apelidos. Tinha aquele pra repreender, aquele pra chamar, aquele pra conversar… conversas hoje que só tenho em minhas vagas lembranças, pois ela já é uma estrelinha no céu. Por 15 anos foi minha âncora aqui, a primeira delas, e eu não poderia deixar de mencioná-la.

Seus bichinhos são quem mais vai sentir a sua falta aqui, eles não saberão porque você não voltou pra casa. Ninguém vai cuidar e amar como você. Fique por eles.

Nota da autora: gente, a terapia está em dia tá?! Esse foi um relato escrito há um tempo e não tem total relação com a minha realidade. Resolvi lançar ele agora, pois perdi meu gatinho ontem e sinto que devo essa homenagem a ele. Minha ideia original era lançar em setembro, o mês de valorização da vida, mas parando para pensar melhor, todo mês é mês de valorizar a vida, né?!